Seguradoras querem ver alargado o leque do seguro obrigatório

Celso de Sousa, Associação Moçambicana de Seguros

Numa altura que as incertezas e os percalços na vida tendem a aumentar, situação a que a pandemia da Covid 19 só veio a tornar mais explícita, a cautela e prudência ganham particular relevo, razão pela qual o Seguro ganhou importância substancialmente acrescida, como medida mitigadora ou atenuante dessas vicissitudes que fogem a nossa antevisão e controlo.

Moçambique tem ainda uma enormíssima margem de progressão da actividade seguradora, que apresenta actualmente níveis de penetração na economia de cerca de 1,67%. O crescimento anual desta indústria tem rondado os 20 a 22% nos últimos quatro anos.

“Com esses níveis de crescimento, mas com uma taxa de penetração ainda incipiente, as oportunidades de crescimento desta indústria são grandes”, consideram os operadores do ramo.

O leque de seguros obrigatório existentes é pequeno, o que de certa forma nos permite contribuir para melhorar as condições dos contratos, essencialmente em termos de garantias, para que possamos almejar o nosso maior objectivo, que é estar presente sempre que os Clientes necessitarem”, considera Celso Sousa da Associação Moçambicana de Seguros (AMS).

Para a AMS esses níveis não são de todo alarmantes, pois, “trata-se de um mercado novo, com ainda muito espaço por preencher e essa situação poderá vir a se alterar a breve trecho com as actividades de disseminação que tem vindo a ser levadas a cabo pelas seguradoras e perspectiva-se atingir a média dos países africanos que é de 3%”

Instado pelo “O.Económico” a referir-se  ao estágio da indústria seguradora em Moçambique, De Sousa afirmou que, com vista a tornar a actividade mais sustentável no país a AMS tem vindo a trabalhar para uniformizar determinadas condições contratuais, para que as associadas possam estar no mesmo cumprimento de onda e considera, ao mesmo tempo, importantes os níveis de concorrência que tem vindo a se registar “porque fazem com que as Seguradoras melhorem os seus serviços e ofertas.

No que se refere ao quadro regulatório a AMS insta a entidade reguladora a, com recurso a legislação, implementar a obrigatoriedade de novos Seguros nomeadamente, Seguro de Acidentes Pessoais para Estudantes, desde o ensino primário até a Universidade, pois considera que esta medida irá de certa forma contribuir para o conhecimento da importância dos Seguros nessa faixa da sociedade, atendendo que estarão devidamente informados e protegidos sobre os riscos cobertos.

Seguro Agrícola: “O Governo deve subsidiar ou atribuir algum outro apoio para que os Agricultores possam estar cobertos de certos riscos”

Em relação a inclusão do seguro no financiamento à agricultura, um tema que tem subido de tom no que concerne a abordagem dos desafios do sector financeiro de uma forma geral, a AMS considera que, de modo a se tornar mais dinâmica e flexível esta modalidade, a melhor alternativa deverá ser a comparticipação do Estado porque, conforme analisa, as seguradoras ainda não estão em condições de oferecer este produto dado o baixo nível de penetração que se regista actualmente.

“Nós como Associação Moçambicana de Seguros pensamos ser importante que o Estado passe a olhar para o seguro agrícola de uma outra forma. Deveria ser equacionada a possibilidade de se subsidiar o pagamento dos prémios do seguro agrícola”. 

De acordo com o Instituo de Supervisão de Seguros de Moçambique (ISSM) no país existem 21 empresas seguradoras com uma produção global de seguros de 15.950 milhões de meticais. Com volume de negócio ainda muito concentrado, cinco principais seguradoras detêm 67,6% da quota do mercado. No ranking das três principais seguradoras está a EMOSE, líder da quota global do mercado com 22,9%, seguida das seguradoras Hollard com 12,5% e SIM com 11,3%.

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